só pra se ter uma idéia do que ele diz no livro:
-A ciência é uma das muitas formas de pensamento desenvolvidas pelo homem e não necessariamente a melhor. Porém só é considerada superior por aqueles que já se decidiram favoravelmente a certa ideologia ou que já a tenham aceito sem se preocupar em observar suas conveniências ou limitações. Como a aceitação e a rejeição devem caber ao indivíduo, segue-se que a separação entre o Estado e Igreja seja complementada pela separação entre o Estado e a ciência, a mais recente, mais agressiva e a mais dogmática instituição religiosa.
A idéia de que a ciência pode e deve ser elaborada com obediência a regras fixas e universais é prejudicial ao próprio avança da ciência., pois leva a ignorar as complexas condições físicas e históricas que exercem influência sobre a evolução científica.
Segundo a ciência os manipuladores da Razão oferecem resultados melhores que os do jogo incerto das nossas emoções.
A ciência moderna dominou pela força, não através de argumentos. Assim, somos forçados a suscitar a questão do mérito da ciência, sendo que em muitas ocasiões ciência e mito se superpõem. O mito, então, está muito mais próximo da ciência do que se poderia esperar com base em uma discussão filosófica.
Robin Horton, que escreveu um artigo sobre a mitologia africana, aponta algumas diferenças entre o mito e a ciência. Segundo ele, as idéias centrais do mito são vistas como sagradas. Teme-se que sofram ameaças e qualquer evento que fuja das classificações admitidas pela cultura despertam a ‘reação de tabu’. A ciência, por outro lado, caracteriza-se por um ‘ceticismo essencial’, quando as falhas se acentuam sobre uma teoria, a defesa se transforma
Embora esse estudo mostre as diferenças se observa que a grande maioria dos cientistas segue uma trilha diferente, onde o ceticismo é mínimo. Nesses casos atacar uma idéia básica desperta reações de tabu que não são menos intensas do que as reações de tabu nas chamadas sociedades primitivas. Então as crenças básicas são protegidas por essas reações, e tudo o que deixa de acomodar-se ao estabelecido sistema é declarado incompatível com tal sistema ou é encarado como algo escandaloso ou, mais frequentemente, é simplesmente considerado como não-existente. A ciência não está preparada para fazer do pluralismo teorético o fundamento da pesquisa.
Podemos observar também que o surgimento da ciência moderna coincide com a supressão das tribos não-ocidentais pelos invasores ocidentais. As tribos não são apenas suprimidas fisicamente, mas perdem a independência intelectual e se vêem forçadas a adotar o cristianismo. Na maioria dos casos a tradição desaparece por completo sem deixar o traço de um argumento. Hoje, observa-se uma gradual inversão. Contudo, a ciência continua a reinar soberana, pois seus praticantes são incapazes de compreender e não se dispõe a tolerar ideologias diferentes, porque tem força para impor seus desejos.
Entretanto, a ciência não tem autoridade maior que a de qualquer outra forma de vida. Seus objetivos não são mais importantes que os propósitos orientadores de uma comunidade religiosa ou de uma tribo que se mantém unida graças a um mito. A separação entre Estado e Igreja deve, portanto, ser complementada pela separação entre Estado e ciência, sendo essa separação, talvez, a única oportunidade que teremos de sobrepujar o barbarismo febril de nossa era tecno-científica, atingindo a humanidade que está a nosso alcance, mas que jamais concretizamos inteiramente.
Idealmente, o Estado moderno é ideologicamente neutro. A religião, o mito, os preconceitos exercem influência, mas tão-somente de forma indireta, através de partidos politicamente atuantes. Assim, Estado e ideologia, Estado e Igreja, Estado e mito estão cuidadosamente separados.
Estado e ciência, entretanto, atuam em estreita ligação. Podemos observar essa ligação quando os pais de uma criança podem escolher sua iniciação religiosa porém não gozam dessa liberdade no que diz respeito a ciência. Física, Astronomia e História devem ser estudadas. Não podem ser substituídas por mágica, astrologia ou por um estudo das lendas.
Uma das razões para esse tratamento especial dado a ciência está em nosso pequeno conto de fadas: a ciência encontrou um método que transforma concepções ideologicamente contaminadas em teorias verdadeiras e úteis, a ciência não é mera ideologia, porém medida objetiva de todas as ideologias. Contudo, o conto de fadas é, como vimos, falso. Não há método especial que assegure o êxito ou o torne provável. Mas segundo os defensores da ciência, somente ela é capaz de nos dar conhecimento digno de confiança. A ciência deve seu êxito a método correto e não a uma acidente feliz, porém essa visão é errada pois a ciência se vê enriquecida por métodos não-científicos e resultados não-científicos.
Chegando a conclusão que a separação entre ciência e não-ciência não é apenas artificial, mas perniciosa para o avanço do saber. Assim, a asserção de que não há conhecimento fora da ciência nada mais é do que outro convenientíssimo conto de fadas.
A ciência moderna não é tão difícil e tão perfeita quanto a propaganda nos leva a crer. Uma disciplina só parece difícil porque é mal ensinada, porque as lições comuns estão repletas de material redundante e porque a elas nos dedicamos já muito avançados na vida. E não raro acontece que o juízo afetado e orgulhoso do especialista seja reduzido a suas devidas proporções por um leigo. Por exemplo, quando um advogado demonstra que um especialista não sabe do que está falando.
O caminho que leva a separação é claro. Uma ciência que insiste em ser a detentora do único método correto e dos únicos resultados aceitáveis é ideologia e deve ser separada do Estado e, especialmente, dos processos de educação. Cabe ensiná-la, mas tão-somente àqueles que decidiram aderir a essa particular superstição. De outra parte, uma ciência que renuncie a essas pretensões totalitárias deixa de ser independente e autônoma e poderia ser ensinada sob diferentes combinações. Está claro que todo empreendimento tem o direito de exigir que os a ele devotados se preparem de maneira especial e pode, inclusive, impor a aceitação de certa ideologia.
bom, não sei o que vocês, que tiveram paciência de ler até o fim, esse texto massante vão achar disso tudo, mas como não sou uma pessoa de conceitos totalmente definidos, devo adimitir que esse texto, de alguma forma, é extremamente rico para mim. algo para se brincar de dadaísta, algo louvável.
é claro que muitas pessoas podem achar isso um absurdo. e talvez seja, acredito que seja, pelo menos para alguém, assim como achar que somos feitos de átomos e não de cordas que oscilam em determinadas frequências, ditando sua estrutura, me parece um absurdo tremendo.
mas aí está uma das coisas maravilhosas do ser humana, achar que tem alguma fonte de escolhas, se enganando ao escolher conceitos pré estabelecidos e atos previamente estruturados...
é...
acho que é isso...
longo, não?
Um comentário:
sim... me perdi! acho que preciso ler denovo.
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